sexta-feira, 16 de setembro de 2011

postheadericon Projeto de Pesquisa Sobre a "Dança do Coco"

Tema


O projeto de pesquisa pretende tratar da dança do coco que é uma manifestação cultural na qual se tornou parte da identidade do povoado de Lagoa Grande, situado no município de Retirolândia no Estado da Bahia, ganhando visibilidade em diversos espaços onde é apresentada por crianças e jovens da localidade em pares através de passos e gingados valorizando a cultura afro-brasileira.

Contexto histórico

A Dança do Coco chegou à Comunidade de Lagoa Grande, povoado do município de Retirolândia, do Estado da Bahia, através de um grupo de dança da cidade de Feira de Santana, cidade do mesmo estado, no ano de 2006, e a partir desse contato a dança virou símbolo da cultura local, sendo agregada a esta dança valores simbólicos, transformando-a em elemento da identidade da comunidade. A dança é realizada pelo Grupo de Arte Popular que faz parte da União da Juventude Popular (UJP), um segmento juvenil criado pelo Movimento das Comunidades Populares (MCP) guiado por princípios, objetivos, místicas e valores voltados para o desenvolvimento social e humano a partir de práticas coletivas. É um meio de reunir jovens para discutirem sobre o seu papel social.

Dessa forma o Grupo Arte Popular é composto por 30 jovens que se reúnem a cada quinze dias para realizar os ensaios da coreografia, sendo os ensaios segundo o grupo a principal atração, pois as apresentações envolvem os jovens.

Além de bastante valorizada pelos participantes, a dança é um meio de assegurar a participação dos jovens nas reuniões, que além de ser um momento de avaliação é também um espaço de formação e estudo.

Visto que a maioria dos jovens vivem em situação de risco, pois é realidade na região a ausência de políticas públicas para a juventude, por parte do governo local, os coordenadores do grupo perceberam que a Dança do Coco, mesmo sem uma origem definida, pois são inevitáveis as controvérsias sobre sua origem, é um instrumento que pressupõe a união da cidadania com o ritmo dos pandeiros, timbaus para uma possível alteração no índice de repetência nas escolas, através da utilização da coreografia como forma de mostrar aos jovens que a cultura é um meio pelo qual podemos melhorar o local que vivemos, além de mostrar aos mesmos que não é preciso ser mais um número na tabela do êxodo rural e nem nos presídios.

Apesar dessas controvérsias sobre o local que a dança surgiu, pois uns afirmam que ela veio da França e adaptada no Brasil pelos escravos, segundo alguns pesquisadores ela nasceu nos engenhos, vindo depois para o litoral, e só depois se transformou em ritmo dançado, essa expressão cultural é usada como ferramenta na formação e conscientização de jovens sobre o que é ser cidadão.

Contudo a Dança do coco é típica dos estados de Alagoas, Paraíba e Pernambuco, ganhando destaque em Pernambuco, estado que realiza encontros de cantadores de coco anualmente, nesses encontros são reunidos representantes de cada estado que tem a dança como elemento da cultura popular, cultura essa, a Comunidade de Lagoa Grande utiliza como um dos eixos para a formação sócio-cultural de jovens sem muita perspectiva de futuro, antes desacreditados da existência de uma utópica sociedade participativa, dizemos que é utópica porque a sociedade ainda vive sobre pressão de domínio.

Dessa forma notamos que a partir da análise do contexto histórico da Dança do Coco, e as trocas simbólicas através dos fluxos desenvolvidos pelo avanço tecnológico, o campo cultural também sobre alterações, pois as novas criações servem de vias de contato alterando a noção tempo, espaço e as relações interpessoais.


E é através da Dança do Coco que a comunidade cobra espaço de participação na formação de novas maneiras, rompimento dos monopólios, participação do processo de elaboração de projetos que contemplem uma juventude cheia de utopias, e foi justamente nessa linguagem, dança, que o grupo em apenas 6 anos ganhou espaço e reconhecimento da população local.

Relevância Cultural


Partindo dos pressupostos de Nestor Canclini, percebemos que as culturas se misturam, ou seja, se hibridizam, e nessas misturas são atribuídas novas características, pois o resultado do diálogo entre as várias maneiras de expressão cultural resulta na produção de novos símbolos e signos, os quais permanecem em constante mobilidade, nos remetendo a notamos o quanto a “sopa cultural”, falando em linguagem informal, ao nos referimos as diferentes tradições e mitos que existem no âmbito cultural, dialogam constantemente sem um controle institucional, tudo dentro do contexto social e bastante ligada à oralidade.

Assim as trocas simbólicas, presentes na dinâmica social/cultural contribuem para formação social e os processos de re-significação que acontece em comunidades que se apropriam de praticas culturais de outras regiões e atribuem valores sociais, fazendo com que a população se identifique, transformando através da cultura, o contexto local.

0 comentários:

CATEGORIAS

Você conhece a Dança do Coco?

Seguidores

Tecnologia do Blogger.